quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Chuva dá trégua, mas Nova Friburgo continua em estágio de alerta

Em Magé, segundo a Defesa Civil, ainda não foram 
registradas ocorrências decorrentes da chuva.

Por volta das 13h, parou de chover na cidade serrana do Rio de Janeiro.
Cerca de 70 casas foram interditadas após deslizamentos em Três Irmãos.

Há riscos de novos deslizamentos de terra, segundo a Defesa Civil de Nova Friburgo (Foto: Tássia Thum/G1)Há risco de novos deslizamentos de terra, segundo a Defesa Civil de Nova Friburgo (Foto: Tássia Thum/G1)

Sem ter onde morar, algumas famílias que tiveram as casas interditadas após o deslizamento de pedras provocado pela chuva no bairro Três Irmãos, em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio de Janeiro, dormiram em abrigos nesta quarta-feira (14).
A Escola municipal Lafayette Bravo Filho, no bairro Floresta, vizinho ao local onde houve o desmoronamento, serve de moradia improvisada para 20 pessoas. Cerca de 300 alunos ficaram sem aulas nesta quarta. As atividades no colégio foram suspensas e só retornam na próxima quarta-feira (21).
No início da tarde desta quarta, por volta das 13h, a chuva deu uma trégua na cidade. No entanto, Nova Friburgo continuava em estágio de alerta às 14h. A expectativa do secretário de Defesa Civil do município e coronel do Corpo de Bombeiros, João Paulo Mori, é que a cidade passe para o estágio de atenção no fim do dia.
“A previsão é que as chuvas diminuam, então, pode ser que hoje [quarta-feira] no final da tarde, a cidade fique apenas em atenção, que é o segundo nível numa escala de quatro”, destaca Mori.
Desde terça-feira (13), quando houve os deslizamentos, a sala de aula virou o quarto de Jerônica Carvalho, de 22 anos, e seus oito parentes. A casa onde viviam foi interditada pela Defesa Civil porque fica próxima ao costão rochoso, que ameaça cair. Pela segunda vez, a família sofre com os efeitos da chuva. Em janeiro de 2011, quando o temporal matou 900 pessoas na Região Serrana, a casa em que moravam foi destruída.
Moradora Nova Friburgo (Foto: Tássia Thum/G1)Jerônica sofre pela 2ª vez com os estragos
causados pela chuva (Foto: Tássia Thum/G1
)
Jerônica diz que vai esperar o prazo de 72 horas dado pela Defesa Civil, para saber se vai poder retornar a casa onde mora. “A minha casa fica do lado oposto às pedras, então acho que não vai ter problema, mas mesmo assim a gente fica com medo. Toda chuva forte é assim, a gente sai e deixa tudo nosso pra trás”, desabafou a dona de casa.
Os funcionários da escola fizeram um mutirão para ajudar a acolher os desabrigados da chuva.
Graças às doações feitas à Cruz Vermelha de Nova Friburgo, a escola recebeu colchonetes e cobertores.
Sirenes alertaram moradores
Na manhã desta quarta-feira, voltou a chover em Nova Friburgo. De acordo com a Defesa Civil do municípío, cerca de 70 casas foram interditadas após os deslizamentos de terça-feira. Outras 30 residências já estavam interditadas desde a tragédia de janeiro de 2011. Nesta quarta, as sirenes não foram acionadas porque choveu pouco pela manhã.
O secretário acrescentou que as sirenes tocam quando há um acumulado de 100 mm. Mori pede que os moradores de áreas de encostas se cadastrem no site www.alertaviacelular.com.br para que recebam SMS informando sobre os riscos de deslizamentos. Há três abrigos no bairro Três Irmãos. Cerca de 50 pessoas estão desalojadas.
Ao menos 20 casas do bairro foram atingidas pelos dois deslizamentos ocorridos na terça-feira (13). Segundo o Corpo de Bombeiros, não houve vítimas e não há busca por desaparecidos. A área afetada já estava interditada desde as chuvas de janeiro de 2011, a maior tragédia natural do país.
Por volta das 10h desta quarta-feira, apenas os moradores do lado direito da Rua Rio Caraíba puderam voltar às suas casas. Os imóveis do lado esquerdo, onde fica a encosta rochosa, permanecem interditados. Desde o início da manhã, técnicos do Departamento de Recursos Minerais fazem uma avaliação das rochas que cercam o bairro Três irmãos. O chefe de equipe da Defesa Civil de Nova Friburgo, tenente Hamilton Thuller, não descarta a possibilidade de novos deslizamentos no trecho.
“A cidade ainda continua em estado de alerta porque há previsão de chuva para esta quarta-feira”, disse o tenente.
Moradores observam os estragos causados pela chuva (Foto: Tássia Thum / G1)

Remédios e documentos
Os moradores dos imóveis interditados puderam voltar às suas casas, para buscar apenas remédios de uso controlado e documentos. Homens da Cruz Vermelha e da Guarda Municipal acompanharam os moradores, que foram divididos em pequenos grupos, e só puderam permanecer nas residências por cinco minutos.
A possibilidade de uma nova tragédia atormenta a costureira Heloísa Mello da Silva, de 29 anos. Um dia após a chuva, ela voltou ao bairro para buscar documentos na casa de sua mãe, que mora em frente ao local onde houve um dos deslizamentos.
“Ouvi dizer que tem uma pedra solta na encosta. Ontem, meu filho e minha mãe estavam em casa quando tudo desmoronou. Na fuga, eles acabaram se machucando. Não dá mais para ficar aqui. É difícil tudo isso, ainda mais para quem foi nascido e criado nesse bairro, como é o nosso caso. É duro deixar a casa própria e morar de favor na casa de parente ou amigo”, diz emocionada.
A incerteza também virou rotina para a família de Carla Serafim, de 38 anos, dona de uma confecção, que foi interditada após a chuva de terça-feira. “Fica complicado, a Defesa Civil libera a gente para voltar, mas não dá laudo. Como posso confiar e permanecer na minha casa sem riscos?”, questiona Carla, que na catástrofe de 2011, perdeu um cunhado, que morreu soterrado no bairro Floresta, também em Nova Friburgo.
O comércio, escolas e hospitais funcionam normalmente no município, que é conhecido por abrigar um pólo de confecções de moda íntima.
Abrigos
Cerca de 250 pessoas seguem em abrigos públicos, creches e escolas. Na terça, em 24h, choveu o equivalente para 20 dias de novembro na cidade, segundo a Defesa Civil estadual.
A sirene de alerta instalada no bairro Três Irmãos, no distrito de Conselheiro Paulino, em Nova Friburgo, voltou a ser acionada por volta das 19h20 desta terça-feira. O alerta pedia para os moradores deixarem suas casas porque havia risco de deslizamento na região. Carros da PM e dos bombeiros ajudaram os moradores na retirada dos móveis.
Bairro foi devastado em tragédia de janeiro de 2011
Essa mesma área atingida no bairro Três Irmãos também foi devastada no temporal de janeiro de 2011, quando mais de 900 pessoas morreram na Região Serrana do Rio. As casas destruídas pelo deslizamento ocorrido na tarde desta terça estavam interditadas desde a tragédia que completará dois anos em 2013.
De acordo com o Grupo de Previsão e Monitoramento, permanecem as previsões de chuvas de intensidade moderada. A Defesa Civil pede que os moradores da Região Serrana, do Vale do Paraíba, do Norte e do Centro-Sul prestem atenção aos comunicados do órgão. Na Região Serrana, as cidades de Bom Jardim, Trajano de Morais, Nova Friburgo, Carmo, Santa Maria Madalena, São José do Vale do Rio Preto, São Sebastião do Alto e Cordeiro têm risco de deslizamentos.
Fonte: G1

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