Vizinhos de vazadouro de Magé afirmam que ele nunca deixou
de ser mais um ‘lixão’
Rio - O Aterro Sanitário de Magé, o CTR Bongaba, em vez de solução para o problema do lixo recolhido em várias cidades do estado, é motivo de reclamação dos vizinhos. Mau cheiro, dejetos sem tratamento, contaminação do solo e urubus são queixas comuns na região.O lixão, como é conhecido, fica no bairro de Piabetá. Muito próximo à Rodovia Rio-Teresópolis, ele está atrás do Cemitério de Bongaba e da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade, onde o duque de Caxias foi batizado.
Secretário municipal de meio ambiente de Magé, Cláudio Consentino (de chapéu) se reuniu com moradores para ouvir suas queixas | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia |
A resolução 404, de 11 de novembro de 2008, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), prevê a impossibilidade de aterro em áreas ambientalmente sensíveis e de vulnerabilidade ambiental, como as sujeitas a enchentes. Além disso, o aterro deve ser localizado a uma distância mínima de 200 metros de qualquer curso d’água.
Mesmo assim, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente garantem que os trabalhos no aterro estão de acordo com a lei.
Moradores contestam aterro
Os moradores de Bongaba afirmam que o local é um lixão “fantasiado” de aterro sanitário. Em conceito, lixão é um terreno usado como despejo de lixo, espaço que não é planejado e afeta muito o meio ambiente, pois o chorume (liquido resultante da degradação do material orgânico) não é tratado. Consequentemente, contamina o solo e o lençol freático.Aterro sanitário é o local em que o lixo é despejado em condições tecnicamente corretas. É uma área impermeabilizada por uma base de argila e lona plástica. Por isso, os moradores de Magé contestam a condição do aterro.
Os detritos jogados no aterro de Bongaba atraem catadores e centenas de urubus. Moradores cobram providências da prefeitura contra as aves | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia |
De acordo com Felipe Marques, neto de Isaura, o aterro está sendo tratado com descaso. Ele afirma que o Rio Inhomirim, ao lado do CTR Bongaba, está sendo contaminado pelo chorume, além do lençol freático e do solo. “Quero saber por que esse aterro sanitário ainda funciona, pois se encontra em uma área de proteção ambiental”, fala.
Marques explica ainda que a população local, que vive da agricultura de subsistência, é prejudicada pela contaminação. “Quero fazer plantações no meu sítio, mas estou preocupado. Quando acontecem tempestades, a região enche. Por ser uma área de declive e próxima ao Rio Inhomirim, a água da chuva e do rio irão se misturar com o chorume e chegará ao meu terreno, contaminando o solo. Sendo assim, não poderei cultivar nenhuma fruta ou alimento”, afirma ele.
Daniele Ferreira, dona de um sítio em Piabetá, reclama dos urubus que ficam no seu terreno. “Meu pai reclamou. Eles apenas ofereceram fogos de artifício para espantar. Isso não adianta, pois eles sempre voltam”, diz.
A moradora também demonstra preocupação com a água e o solo, e o risco de contaminação por chorume.
Inea alega que empresa faz manejo e trata os resíduos
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) esclarece que o CTR Bongaba é administrado pela empresa Marca Ambiental. Ela recebeu a Licença de Operação e Remediação (Lor) para a área no início de 2011.A concessão, que prevê a adoção progressiva de uma série de medidas e regras referentes ao manejo e tratamento de resíduos, tem prazo de vigência de quatro anos. O processo de correção está sendo acompanhado pelo instituto.
Em caso de reclamações e denúncias, os moradores podem entrar em contato com o Disque Ambiente pelo telefone 2332-4604. O atendimento é de segunda a sexta-feira, de 10h às 18h, ou através do e-mail faleconosco@inea.rj.gov.br.
Secretário nega falhas ou descaso
O secretário municipal de Meio Ambiente de Magé, Cláudio Consentino, garante que a operação do aterro está sendo feita de acordo com a legislação, englobando processos de engenharia e gestão ambiental. Ele lembra que no local houve por 25 anos um lixão.Consentino alega que, mesmo parecendo que não há tratamento, normas técnicas são aplicadas. Com relação ao Rio Inhomirim, por exemplo, afirma que é feita análise da água e controle ambiental. O secretário garante que a principal atividade consiste na implantação de sistema de drenagem e de queima de gases emitidos pelo aterro. A respeito da contaminação do solo e da água, Consentino afirma que o passivo ambiental está em processo de recuperação.
Fonte: Felipe Marques/ Jornal O Dia
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